AS FRONTEIRAS NÃO SE MEDEM AOS PALMOS

“Fronteiras”, lê-se em qualquer dicionário, são as linhas – naturais ou conceituais – que separam dois países ou territórios.
Servem para delimitar a área na qual se exerce a soberania de cada país e na qual, por conseguinte, são impostas as suas leis.
Mas, além disso, têm outros préstimos: permitem controlar o fluxo de pessoas e de mercadorias; contribuem para preservar a identidade cultural de cada comunidade, assegurando deste modo a existência de nações e comunidades com características próprias; concorrem para a segurança nacional e a contenção de ameaças externas; e possibilitam a protecção dos recursos naturais, assim poupados a uma exploração desordenada.
O que é uma fronteira, toda a gente sabe.
Que há diversos tipos de fronteiras, também.
Se chapéus há muitos, como dizia o Vasco Santana, fronteiras ainda há mais.
Por isso não surpreende que, no seu conjunto, as fronteiras terrestres existentes em todo o mundo, todas somadas, tenham uma extensão total que ronda os 250.000 quilómetros (equivalente a mais de seis vezes a volta ao globo, seguindo a linha do equador).
Sendo diferentes as dimensões e as configurações dos sete continentes, bem como o número de países que os integram, é distinta a contribuição de cada continente para a referida soma total.
A Ásia concorre com 29%, em boa parte pela circunstância de acomodar três dos maiores países do mundo: China, Índia e Federação Russa. A Europa, caracterizada por uma densa concentração de diferentes Estados, com fronteiras relativamente curtas mas numerosas, não vai além dos 8,5%. Por seu turno, a América do Sul contribui com 21,8% do bolo global, com fronteiras concentradas em duas zonas principais: a bacia do Amazonas e a cordilheira dos Andes. O gráfico que acompanha este texto contempla uma divisão própria, denominada Europa/Ásia, levando em conta a existência de países (por exemplo, a Turquia e a Rússia) que pertencem a ambos os continentes.
Neste campeonato de fronteiras terrestres, a Oceânia faz figura de corpo presente, com apenas 0,4%. Nada que espante, se pensarmos que se trata de um agrupamento de Estados insulares, desde a gigante Austrália à distante Nova Zelândia, passando, entre outros, pelos minúsculos territórios de Tuvalu, Kiribati e Vanuatu.
Zépestana | 23 out 2025