…Acho isso um disparate de dimensões incomensuráveis. Se há coisa que foi feito de mal feito, de quase lesa-pátria em termos de reforma do país, foi a extinção do SEF. O SEF, independentemente dos seus defeitos e das suas dificuldades, era uma organização que representava um avanço civilizacional.
Nós regredimos civilizacionalmente. A separação das coisas pode parecer bem. Se fôssemos um país de uma determinada matriz organizacional, não faria muita diferença dividir as atividades, a atividade policial ou de investigação criminal, e a atividade administrativa.
…Acho que essa foi, aliás, a coisa mais terrível que foi feita. Foi uma liderança política que aproveitou um momento muito mau da história de uma organização para colocar quase que a infâmia sobre toda a organização, aproveitando esse momento para pôr em causa a organização e as pessoas que dela faziam parte. E isso da parte de quem lidera o poder político é de muito mau nível.
É francamente mau. Mais, extinguiu-se um serviço, que era um serviço respeitado, com quadros respeitados. Hoje muitos dos nossos quadros de topo do SEF estão hoje no Frontex, por exemplo, e foram recrutados por mérito próprio. São pessoas que quase que os vieram recrutar como os bons jogadores de futebol (…)
EDIÇÃO DE SEXTA-FEIRA, 24 DE MAIO 2024